Turismo, futebol e festa de família: como Wanderlei Barbosa usou jatinho contratado por R$ 20 milhões pelo Estado

  • 20/10/2025
(Foto: Reprodução)
Wanderlei Barbosa gastava dinheiro público em viagens de jatinho com família e amigos O governador afastado do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), e a primeira-dama, Karynne Sotero, utilizaram um jatinho locado pelo governo do Estado para realizar diversas viagens de turismo e fins particulares. Documentos exclusivos aos quais a TV Anhanguera teve acesso revelaram os destinos e os altos valores dessas viagens, que foram custeadas com dinheiro público. O caso veio à tona em meio ao afastamento do governador e da primeira-dama, determinado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 3 de setembro deste ano. A medida cautelar ocorreu no contexto da Operação Fames-19, que investiga um suposto esquema de desvio de recursos públicos na compra de cestas básicas. 📱 Clique aqui para seguir o canal do g1 TO no WhatsApp Os documentos mostram que além das viagens institucionais justificadas, o casal também fez viagens de turismo com a família, acompanhou partidas de futebol dentro e fora do Estado, além de viajar para participar de uma reunião familiar. Wanderlei Barbosa e Karynne Sotero em viagem de férias Reprodução/TV Anhanguera Como era o contrato do jatinho com o governo do Tocantins? O contrato anual de locação do jatinho executivo de médio porte e alta performance, firmado pelo governo do Tocantins com uma empresa de táxi aéreo, previa um custo fixo em torno de R$ 20 milhões. Independentemente da quantidade de voos, o valor do contrato era o mesmo. Assim que assumiu o cargo, o governador em exercício, Laurez Moreira (PSD), suspendeu o contrato e devolveu a aeronave, afirmando que esse tipo de despesa não é prioridade para o Estado. Na época da suspensão do serviço, a defesa de Wanderlei alegou que o contrato estava estritamente dentro da legalidade, tendo passado por todas as fases licitatórias, e era utilizado exclusivamente em serviço. LEIA TAMBÉM: Governador afastado e primeira-dama do Tocantins usavam jatinho pago com dinheiro público para viagens de turismo Governador em exercício suspende contrato de aluguel de avião de R$ 20 milhões para cortar gastos Viagens internacionais: governador afastado e primeira-dama percorreram equivalente a quase 4 voltas ao mundo durante mandato Governador afastado usou avião para fins particulares? A documentação que a reportagem teve acesso mostrou que o jatinho locado com recursos estaduais foi usado em diversas oportunidades para viagens de turismo pelo governador afastado e pela primeira-dama. As viagens, pagas com dinheiro público, incluíram o retorno ao Tocantins após férias pelos Lençóis Maranhenses e litoral do Nordeste, em janeiro. Além disso, parentes sem vínculo com o Estado, como o filho Rérison Castro - superintendente do Sebrae Tocantins -, a filha, o genro e o neto do governador, além do deputado estadual Léo Barbosa (Republicanos), que também é filho de Wanderlei, fizeram parte das comitivas em diferentes deslocamentos. A TV Anhanguera e o g1 pediram posicionamento para Wanderlei, Karynne e Rérison sobre as viagens, mas não houve resposta até a atualização desta reportagem. Em nota, Léo Barbosa informou que acompanhou o então governador em agenda institucional no dia 20 de março e que sua presença em qualquer evento público ou privado após o fim da agenda institucional não configura ilegalidade ou aumento de despesas para o Estado (veja nota na íntegra abaixo). Wanderlei Barbosa e o deputado estadual Léo Barbosa, filho dele Reprodução/TV Anhanguera Quais os valores das viagens feitas por Wanderlei Barbosa com o uso do jatinho? Os documentos mostraram que diversas viagens, nas quais ocorreram atividades particulares, custaram milhares de reais aos cofres públicos. Confira: R$ 141 mil: Retorno dos Lençóis Maranhenses (Maranhão) para Palmas, em 13 de janeiro de 2025, com o casal e familiares; R$ 86 mil: Deslocamento em fevereiro de 2025 para acompanhar uma partida de futebol (Atlético Mineiro vs. Tocantinópolis), junto com o presidente da Assembleia Legislativa, Amélio Cayres (Republicanos); R$ 89 mil: Viagem em 19 de março de 2025 para Brasília (DF), onde assistiram ao jogo da Seleção Brasileira, em comitiva que incluía neto e filhos, como o deputado estadual Léo Barbosa. R$ 165 mil: Trajeto de ida e volta para Campina Grande (PB), em 5 de maio de 2025, justificado como “missão oficial” (sem compromissos públicos localizados), incluindo filha e genro sem vínculo com o Estado. Neste dia Wanderlei postou que estava no lago de Palmas. R$ 286 mil: Novo voo entre Palmas, Brasília e Campina Grande, entre 21 e 22 de maio de 2025, com a comitiva que incluía Wanderlei, a primeira-dama, além de parentes como Rérison e sua esposa. Porém, o governador postou nas redes sociais que, na verdade, estava voltando ao Tocantins de carro. R$ 50.000,00: Viagem para Minaçu (GO) em 12 de julho de 2025 para participar de uma reunião familiar. A bordo estavam Wanderlei, a primeira dama, o filho Rérison e um irmão do governador. Wanderlei Barbosa e Karynne Sotero durante viagem ao Maranhão Reprodução/TV Anhanguera Quais foram as consequências do uso indevido do jatinho oficial? O uso indevido do jatinho, em meio à investigação de corrupção, levou o governador em exercício, Laurez Moreira (PSD), a suspender o contrato de locação da aeronave, que custava R$ 20 milhões anuais aos cofres públicos. Laurez afirmou que o gasto não era prioridade e que o governo teria maior rigor com despesas do tipo, inclusive barrando uma viagem de comitiva do Palácio Araguaia aos Estados Unidos, prevista para o mês de setembro. Questionada sobre a possibilidade de investigação do uso da aeronave, a Polícia Civil informou que chefes do poder executivo estadual possuem prerrogativa de foro no Superior Tribunal de Justiça. Por essa razão, qualquer investigação sobre eventuais denúncias de crimes supostamente cometidos no exercício do mandato ficam a cargo da Polícia Federal - mesmo em casos de afastamentos ou quando a pessoa já não ocupa mais o cargo em questão. O g1 questionou a Polícia Federal e o Ministério Público Estadual do Tocantins se haverá investigação sobre os indícios levantados pela reportagem, mas não houve retorno das instituições até a última atualização desta reportagem. Porque Wanderlei Barbosa foi afastado do cargo? Wanderlei Barbosa (Republicanos) e a primeira-dama Karynne Sotero foram afastados dos cargos públicos pelo prazo de 180 dias por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 3 de setembro. O afastamento ocorreu durante a segunda fase da “Operação Fames-19”. A operação investiga indícios de um esquema de desvio de recursos públicos, que teriam ocorrido entre 2020 e 2021, por meio de fraudes em contratos de fornecimento de cestas básicas e frangos congelados. O prejuízo aos cofres públicos nesse esquema é estimado em mais de R$ 73 milhões. Íntegra da nota de Léo Barbosa O deputado estadual Léo Barbosa informa que acompanhou o Governador Wanderlei Barbosa em agenda institucional em Brasília durante todo o dia 20 de março em vários Ministérios, como o de Infraestrutura e o DNIT, em busca de soluções para os problemas do Estado. A sua presença em qualquer evento público ou privado após o fim de sua agenda institucional não configura qualquer tipo de ilegalidade e não representa um aumento de despesas para o Estado. Íntegra da nota do Sebrae Tocantins O Sebrae Tocantins esclarece que não tem relação com as viagens mencionadas, realizadas em aeronave locada pelo Governo do Estado do Tocantins. Veja mais notícias da região no g1 Tocantins.

FONTE: https://g1.globo.com/to/tocantins/noticia/2025/10/20/turismo-futebol-e-festa-de-familia-como-wanderlei-barbosa-usou-jatinho-contratado-por-r-20-milhoes-pelo-estado.ghtml


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