Língua Kaingang é a mais falada entre indígenas no RS, aponta Censo 2022
24/10/2025
(Foto: Reprodução) Veja quais são as 10 ínguas indígenas mais faladas no Brasil
A língua Kaingang é a mais falada entre os povos indígenas no Rio Grande do Sul, segundo dados do Censo 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No Brasil, é a 4ª língua indígena mais falada. A etnia Kaingang também aparece como a 5ª mais populosa do país, com 45.840 pessoas.
A cacica Iracema Gãh Té, da Retomada Kaingang Gãh Ré, no Morro Santana, em Porto Alegre, defende o reconhecimento da língua Kaingang na educação. "É o primeiro dialeto que já estava aqui no Rio Grande do Sul. Mas nunca foi reconhecido. Se fosse, teria disciplina sobre isso", afirma.
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Ela relata dificuldades enfrentadas por indígenas que desejam ingressar no ensino superior.
"Ao invés de fazer prova no nosso jeito de falar, temos que fazer prova de inglês e espanhol. Temos duas línguas: a primeira, Kaingang, e depois o português", diz.
Iracema também fala sobre a discriminação que afeta a transmissão da língua entre gerações: "Os pais evitam falar por causa da discriminação. Na escola, os coleguinhas riem, caçoam, ofendem. Daí eles evitam falar", conta. Ela destaca que a língua Kaingang voltou a ser falada em casa após a Constituição garantir o direito à expressão.
O Censo 2022 mostra que o número de línguas indígenas declaradas no Rio Grande do Sul mais que dobrou em 12 anos: passou de 19 em 2010 para 41 em 2022. A Kaingang lidera em ambos os anos como a mais falada no estado.
A população indígena no Brasil também cresceu e se urbanizou. Em 2022, 53,97% vivem em áreas urbanas, contra 36,22% em 2010. O número total de indígenas chegou a 1.694.836, distribuídos em 4.833 municípios.
O número de etnias também aumentou. No Brasil, passou de 305 em 2010 para 391 em 2022. No Rio Grande do Sul, o crescimento foi de 75 para 127 etnias, embora apenas seis estejam dentro de terras indígenas.
Cacica Iracema Gãh Té, da Retomada Kaingang Gãh Ré, em Porto Alegre, defende o reconhecimento da língua Kaingang na educação
Reprodução/g1 RS
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