Juíza nega pedido do MPPE para arquivar investigação contra Esportes da Sorte por lavagem de dinheiro e jogos de azar
17/07/2025
(Foto: Reprodução) Palácio da Justiça de Pernambuco, sede do TJPE, em imagem de arquivo
Marlon Costa/Pernambuco Press
A juíza Andréa Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife, negou um pedido do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) para arquivar a investigação contra a Esportes da Sorte e o dono da empresa, Darwin Henrique da Silva Filho. Em 2024, a "bet" foi um dos alvos da Operação Integration, da Polícia Civil, que apura um suposto esquema de lavagem de dinheiro proveniente de jogos de azar.
Além de indeferir o pedido, a magistrada remeteu os autos do processo à Procuradoria-Geral de Justiça de Pernambuco, que pode arquivar o caso ou oferecer denúncia. O g1 entrou em contato com o MPPE, mas, até a última atualização desta reportagem, não obteve resposta.
A Esportes da Sorte Também foi procurada para comentar sobre a decisão, mas não se pronunciou até a última atualização desta reportagem.
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A Operação Integration foi deflagrada em setembro de 2024. Além de Darwin Filho, estão entre os alvos da operação o pai dele, Darwin Henrique da Silva, apontado como proprietário de uma banca de jogo do bicho; e a esposa do empresário, Maria Eduarda Filizola. A influenciadora Deolane Bezerra também está entre os investigados (relembre o caso abaixo).
O processo foi marcado por uma série de divergências entre a juíza e o MPPE, que não viu indícios suficientes para oferecer denúncia no processo. Em janeiro deste ano, após decisão da Procuradoria-Geral, a magistrada arquivou a parte do inquérito referente ao cantor Gusttavo Lima e a empresa Vai de Bet.
A decisão foi publicada na terça-feira (15). No novo pedido de arquivamento parcial, o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) do MPPE argumentou que a polícia partiu do pressuposto de que as apostas promovidas pela Esportes da Sorte são ilegais, já que, na época, o segmento de apostas online não tinha sido regulamentado pelo Ministério da Fazenda.
Segundo o documento, os promotores do Gaeco se referiram, ainda, a uma decisão anterior da juíza que autorizou o bloqueio de R$ 6,3 milhões da Esportes da Sorte, valor que, conforme as investigações, teria sido depositado pela empresa na conta de um banco nas Ilhas de Man, no Reino Unido.
Para os promotores, a magistrada permitiu o bloqueio sem consultar o Ministério Público, que é o autor da ação penal, e, por isso, ela deveria não tomar mais nenhuma medida cautelar solicitada pela polícia em relação ao caso.
A juíza, no entanto, discordou da manifestação do MPPE e disse que há legitimidade da autoridade policial para requerer diretamente medidas cautelares, como o bloqueio de bens. Ela afirmou também que vê fortes indícios de prática de lavagem de dinheiro nas atividades da empresa.
"Evidencia-se nos autos um quadro probatório forte, não meramente hipotético, que aponta a presença de indícios veementes da prática de crimes de alta gravidade social e econômica [...]. Não se trata apenas da investigação isolada de jogos ilegais, mas sim de uma complexa rede criminosa estruturada com potencial expressivo dano ao erário", considerou a magistrada na decisão.
Cronologia da Operação Integration
Deolane Bezerra foi uma das pessoas presas na operação Integration, que investiga organização criminosa que atua com lavagem de dinheiro de jogos ilegais
A Operação Integration foi deflagrada em 4 de setembro, com o cumprimento de mandados de prisão, incluindo os da influenciadora digital Deolane Bezerra e da mãe dela, Solange Bezerra, e de busca e apreensão em Pernambuco e nos estados da Paraíba, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Goiás (veja vídeo acima).
No mesmo dia, um avião que pertenceu ao cantor Gusttavo Lima foi apreendido no aeroporto de Jundiaí, no interior paulista.
O artista estava na Grécia, para onde havia viajado em 1º de setembro, na companhia de José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina Truta Henriques da Rocha, casal de empresários donos da Vai de Bet, também investigado na mesma operação.
Em 15 de setembro, Gusttavo Lima foi indiciado por lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Em 23 de setembro, a juíza Andréa Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife, decretou a prisão preventiva de Gusttavo Lima e do empresário Bóris Maciel Padilha.
Horas antes, entretanto, Gusttavo Lima havia deixado o Brasil em voo privado que saiu de madrugada do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, com destino a Miami, na Flórida (Estados Unidos).
No dia 24 de setembro, a ordem de prisão preventiva de Gusttavo Lima foi revogada pelo relator do caso, o desembargador Eduardo Guilliod Maranhão, da 4ª Câmara Criminal do TJPE.
O magistrado alegou que as justificativas dadas pela juíza para a ordem de prisão constituíam "meras ilações impróprias e considerações genéricas".
Em 18 de novembro, o MP pediu arquivamento de investigação sobre o avião de Gusttavo Lima e recomendou que denúncias sobre lavagem de dinheiro sigam para a Paraíba.
No dia seguinte, o TJPE determinou um prazo de cinco dias para que o MPPE oferecesse denúncia, arquivasse o caso ou pedisse novas diligências na Operação Integration.
Em 25 de novembro, o MP pediu arquivamento da parte da investigação que apura a venda do avião de Gusttavo Lima e os empresários da Paraíba;
Em 13 de dezembro a Procuradoria-Geral de Justiça reforçou o pedido de arquivamento elaborado pelo MPPE.
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