Europeus preparam plano de paz para guerra na Ucrânia que permitiria ocupação de territórios dominados pela Rússia, diz agência
21/10/2025
(Foto: Reprodução) Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o chanceler alemão, Friedrich Merz. Foto de 13 de agosto de 2025.
John Macdougall/Pool/AFP
Como alternativa às tratativas diretas entre Rússia e Estados Unidos, líderes da União Europeia e o governo ucraniano começaram a preparar um plano para colocar fim à guerra na Ucrânia, segundo noticiou nesta terça-feira (21) a agência de notícias Bloomberg com base em fontes da negociação.
O plano prevê, entre outros pontos, a ocupação pela Rússia de territórios ucranianos e que o presidente do EUA, Donald Trump, supervisione o cumprimento de um eventual acordo.
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A proposta prevê parar os combates na linha de frente atual, e garantias de segurança à Ucrânia. Em troca, os europeus retirariam gradualmente as sanções econômicas aplicadas à Rússia desde 2022. A agência não detalhou todos os pontos da proposta, porém alguns deles seriam os seguintes:
Parar a guerra na linha de frente atual;
Estabelecimento de um conselho de paz supervisionado por Trump;
Retorno de todas as crianças ucranianas sequestradas e trocas de prisioneiros;
A Ucrânia teria garantias de segurança contra novos ataques e também de uma rápida adesão à UE, além de dinheiro para reconstrução;
Europeus retiram gradualmente sanções da Rússia, mas elas voltariam se Putin voltar a atacar. Os bens russos congelados também seriam devolvidos.
Assim que concordarem com a proposta, Ucrânia e Rússia entrariam em negociações para governança dos territórios ocupados pelas tropas russas, segundo a Bloomberg. No entanto, nem o governo Zelensky nem a Europa reconheceriam esses territórios como russos.
O plano elaborado pelos europeus ainda seria apresentado a Trump nesta semana e alguns pontos poderiam mudar, segundo a Bloomberg. Nem Kremlin nem Washington se pronunciaram sobre esse plano europeu até a última atualização desta reportagem.
Uma declaração conjunta assinada por Zelensky, pelo premiê britânico Keir Starmer, pelo chanceler alemão Friedrich Merz, o presidente francês Emmanuel Macron, a presidente do Conselho Europeu, Ursula von der Leyen, e líderes de outros países europeus pediu nesta terça (21) pelo fim imediato do conflito e ter a linha de frente dos combates como ponto inicial das negociações. Os europeus farão uma cúpula na sexta-feira para discutir mais apoio militar à Ucrânia no pós-guerra.
Trump pressiona tanto os europeus quanto a Rússia para o rápido fim da guerra. O presidente americano já fez propostas para terminar o conflito, porém nenhuma delas avançou até o momento. Ele falou com Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky na semana passada e disse que "está na hora de fazer um acordo", porém sem dar mais detalhes.
Zelensky pediu a Trump que lhe entregue mísseis Tomahawk, de altos alcance e precisão, porém o líder americano não se comprometeu a fornecer os projéteis. Nesta semana, Trump disse não acreditar que a Ucrânia possa vencer a guerra contra os russos, porém disse que "tudo pode acontecer".
Os Estados Unidos são aliados da Ucrânia e o apoiam militarmente desde a invasão russa em território ucraniano, em fevereiro de 2022, ainda quando Joe Biden era o presidente americano. A Otan também é aliada e fornece armamentos ao Exército de Volodymyr Zelensky.
Apesar de Trump dizer ser amigo do presidente Vladimir Putin, a Rússia é tratada como um inimiga na guerra —o líder americano reveza fases críticas e elogiosas, entre ameaças e afagos, a Putin como estratégia para chegar a uma solução ao conflito.
Apesar da declaração nesta segunda, Trump se mostrou otimista pelo fim do conflito e falou que acredita que, com seu apoio, a Ucrânia e a Rússia "chegarão lá". Ele também contou que pediu ao presidente russo que pare os ataques contra civis em território ucraniano.
Trump teria pedido a Zelensky para que aceite termos da Rússia
Zelensky encontra com Trump na Casa Branca, mas sai de Washington sem compromisso de obter os mísseis Tomahawk
Segundo o jornal britânico "Financial Times", Donald Trump pediu ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que aceite os termos da Rússia para encerrar a guerra na reunião que os dois tiveram na Casa Branca na sexta-feira (17).
Em reportagem publicada neste domingo (19), citando fontes que teriam participado do encontro, o jornal afirma que Trump insistiu que Zelensky entregasse toda a região oriental de Donbass à Rússia e alertou o presidente russo, Vladimir Putin, ameaçou "destruir" a Ucrânia caso um acordo não se concretize.
Ainda segundo o "Financial Times", Putin ofereceu algumas pequenas áreas das duas regiões da linha de frente da guerra no sul, Kherson e Zaporizhzhia, em troca de partes muito maiores do Donbass que ainda estão sob controle ucraniano na ligação que realizou com Trump na quinta-feira (16).
Isso é menos do que sua demanda original, de 2024, que exigia que Kiev cedesse a totalidade de Donbass, além de Kherson e Zaporizhzhia no sul, uma área de quase 20.000 km².
Zelensky, que foi à Casa Branca em busca de armas para continuar lutando na guerra de seu país, parece não conseguido chegar a esse objetivo, porém convenceu Trump a voltar a apoiar o congelamento das atuais linhas de frente, diz o FT.
O que são os mísseis Tomahawk, que a Ucrânia quer usar na guerra contra a Rússia
Procurados para confirmar as informações, nem a Casa Branca nem o porta-voz do governo ucraniano se pronunciaram.