Dia do Orgulho LGBTQIAPN+: casal gay envelhece junto e celebra 37 anos de união no interior de SP

  • 28/06/2025
(Foto: Reprodução)
Em São José do Rio Preto, Araguaí e Sebastião compartilham uma história de amor, resistência e afeto vivida com discrição ao longo de quase quatro décadas, mostrando que é possível envelhecer com tranquilidade sendo um casal LGBTQIAPN+. Araguaí e Sebastião na festa de Santo Antônio, na Praça da Alegria em Lisboa, neste mês de junho. Arquivo pessoal 🏳️‍🌈Em meio às celebrações do Dia do Orgulho LGBTQIAPN+, a história de Araguaí e Sebastião, que vivem juntos há 37 anos em São José do Rio Preto (SP), é um exemplo de que é possível envelhecer com afeto, dignidade e tranquilidade sendo um casal homoafetivo. Unidos desde o fim dos anos 1980, eles atravessaram décadas de transformações sociais com companheirismo e bom humor. 📲 Participe do canal do g1 Rio Preto e Araçatuba no WhatsApp Araguaí Silveira Garcia tem 67 anos e é artista plástico, com obras espalhadas por Rio Preto. Seu companheiro, Sebastião Otavio Facio Filho, engenheiro civil e de segurança do trabalho, tem 68 anos. Os dois se conheceram oficialmente em 1989, quando se reencontraram por acaso num bar da cidade. Araguaí já observava Sebastião de longe, admirando sua postura. Sentia que, se tivessem a chance de conversar, se apaixonariam. E foi exatamente o que aconteceu. A conexão foi imediata. “A postura e charme do rapaz que estava naquela mesa despertaram o interesse. E alguma coisa me dizia que era com esse que eu ia viver”, conta Sebastião. O casal em Nova York, em 1998 (à esquerda) e em Santos, no mesmo ano (à direita). Arquivo pessoal Pouco tempo depois, a relação se firmou, dando início a uma história de companheirismo que atravessa quase quatro décadas. Hoje, eles compartilham uma rotina tranquila no interior paulista e avaliam com leveza os desafios enfrentados ao longo do tempo. “Envelhecer juntos é muito bom”, diz Araguaí, que descreve o cotidiano do casal com uma metáfora afetiva: os dois seriam como araras-canindé, pássaros que não se separam. Desde então, o casal passou por fases boas e difíceis. Nos anos 90, viveu parte da vida entre o Brasil e a França. Em Paris, Araguaí expôs em galerias importantes, onde teve seu trabalho acolhido por mais de 20 anos. E mesmo quando ficaram separados fisicamente por três meses, a ligação entre os dois permaneceu sólida. “A distância nos deu ainda mais certeza de que era isso mesmo. Não havia dúvida”, diz Araguaí. Araguaí e Sebastião, em uma das viagens aos Estados Unidos, na Flória, em 2011. Arquivo pessoal Durante o auge da epidemia de Aids, um período especialmente cruel para a população LGBTQIAPN+, sobretudo nas décadas de 1980 e 1990, os dois perderam amigos queridos. “Foi a fase azul. Triste mesmo”, relembra Sebastião. Ao longo dos anos, os dois também aprenderam a lidar com o preconceito, às vezes explícito, outras vezes sutil. “Deparamos com a imbecilidade de algumas pessoas. Às quais sempre ‘sobrevoamos’”, diz Araguaí. “As imbecilidades que às vezes nos deparamos, não se sustentam. E seguimos em frente”, completa Sebastião. ✊🏼Envelhecer sendo quem se é Parada LGBT+ em SP defende direito de envelhecer com dignidade Enquanto muitos enfrentam ainda hoje o desafio de envelhecer sendo quem são, principalmente fora dos grandes centros urbanos, Araguaí e Sebastião mostram que isso é possível. Segundo o Censo de 2022 do IBGE, mais de 74 mil casamentos ocorreram entre pessoas com 60 anos ou mais, um reflexo de uma sociedade que, ainda que lentamente, começa a aceitar que o amor não tem prazo de validade nem modelo único. Além disso, uma pesquisa da USP e Unesp estima que o Brasil abriga cerca de 19 milhões de pessoas que se identificam como parte da comunidade ALGBT. No entanto, o país segue como o mais perigoso do mundo para pessoas trans e travestis, segundo dossiê da ANTRA, que aponta 122 assassinatos apenas em 2024. Nesse contexto, histórias como a de Araguaí e Sebastião têm um peso simbólico: elas mostram que resistir pode ser também construir uma vida simples. “Aos jovens, definam seus planos. É importante saber o que quer. Amem muito, sejam criativos e felizes. Com bom humor, tudo se resolve. Fé na vida e pé na tábua”, aconselha Araguaí. “Envelheçam. Se tudo der certo, envelhecerão juntos”, completa Sebastião. 💖LEIA TAMBÉM: Dia do Orgulho LGBTQIAPN+: Entenda significado de cada letra e conheça histórias de quem se identifica com a sigla Mês do Orgulho: saiba a diferença entre orientação sexual, expressão e identidade de gênero * Colaborou sob supervisão de Eric Mantuan e Henrique Souza Veja mais notícias da região em g1 Rio Preto e Araçatuba. VÍDEOS: confira as reportagens da TV TEM

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sao-jose-do-rio-preto-aracatuba/noticia/2025/06/28/dia-do-orgulho-lgbtqiapn-casal-gay-envelhece-junto-e-celebra-37-anos-de-uniao-no-interior-de-sp.ghtml


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