ONU aponta que 90% dos vazamentos de metano detectados por satélite continuam sem resposta; veja IMAGENS

  • 22/10/2025
(Foto: Reprodução)
COP30 - Qual gás do efeito estufa é o maior vilão do clima? Um novo relatório da ONU divulgado nesta quarta-feira (22) mostra que a maior parte dos grandes vazamentos de metano identificados por satélite ainda não recebe nenhuma resposta de governos ou empresas. Segundo o documento “An Eye on Methane 2025”, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), quase 90% dos alertas enviados continuam sem ação, mesmo após notificações a 33 países. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça O sistema de monitoramento, chamado MARS (Methane Alert and Response System), combina imagens de satélite e inteligência artificial para detectar emissões anormais de metano, um gás que tem potencial de aquecimento mais de 80 vezes maior que o dióxido de carbono. Desde sua criação, o MARS já emitiu 3,5 mil alertas, mas apenas 12% receberam algum tipo de resposta, uma melhora em relação a 1% no ano passado. “Os progressos na medição são importantes, mas precisam se traduzir em reduções reais”, disse Inger Andersen, diretora-executiva do PNUMA. O metano é responsável por cerca de um terço do aquecimento global atual. Ele é emitido por operações de petróleo e gás, pela pecuária, pelo cultivo de arroz e pela decomposição de resíduos orgânicos. Por permanecer menos tempo na atmosfera que o CO₂, reduzir suas emissões tem efeito quase imediato no combate à alta das temperaturas, o que torna o gás um dos focos de curto prazo para conter o avanço da crise climática. Imagem de satélite mostra vazamento de metano em Meseta Espinosa (Argentina), detectado em abril de 2025. A emissão, ligada à produção de petróleo, teve impacto climático diário equivalente ao de 1,4 mil carros rodando por um ano. DLR/EnMAP e Google Earth - IMEO/PNUMA As imagens usadas pelo MARS vêm de satélites de agências como NASA, ESA (Agência Espacial Europeia) e DLR (Centro Aeroespacial Alemão). Elas permitem identificar nuvens de metano que escapam de poços, gasodutos e áreas de exploração, muitas vezes em regiões isoladas e sem fiscalização direta. Casos recentes analisados pela ONU mostraram vazamentos de alta intensidade em campos de petróleo da Argentina, da Líbia e do Iraque, detectados a partir de imagens dos satélites Sentinel-2, Landsat 8 e EMIT. Em alguns locais, como em Meseta Espinosa, na província da Patagônia argentina, as emissões chegavam a 4,5 toneladas de metano por hora, o equivalente, segundo o PNUMA, ao impacto climático de mais de 2 mil carros circulando durante um ano. Já no Turcomenistão, uma das áreas mais críticas, o observatório identificou vazamentos contínuos desde 2023, ligados à exploração de gás natural. Apesar de alertas repetidos, nenhuma medida de contenção foi registrada por meses. Imagem de satélite mostra vazamento de metano em Faregh-Argub (Líbia), detectado em maio de 2025. A emissão teve impacto diário equivalente a 2,4 mil carros em um ano. ESA/Sentinel-2 e Google Earth — IMEO/PNUMA Avanço na medição, mas lentidão nas ações O relatório reconhece ainda que houve avanços na transparência e no monitoramento do setor de energia, mas alerta que o ritmo de resposta ainda é muito inferior ao necessário. Mesmo entre as grandes companhias de petróleo e gás, as reduções efetivas seguem lentas. O PNUMA cita a parceria Oil and Gas Methane Partnership (OGMP 2.0), que reúne 153 empresas em 90 países, responsáveis por 42% da produção mundial de petróleo e gás. Essas companhias passaram a adotar medições diretas em campo, substituindo estimativas por dados reais. No entanto, o relatório observa que a melhoria na qualidade das medições não se traduziu automaticamente em cortes nas emissões - e que muitos dos grandes vazamentos ainda ocorrem em áreas associadas à extração e transporte de combustíveis fósseis. Mais de 65 empresas já alcançaram o chamado “Padrão Ouro” de transparência, e outras 50 estão em processo de certificação, mas o PNUMA afirma que “os avanços em relatórios não compensam a falta de ação prática”. Satélite da NASA detecta vazamento de metano no campo de Al-Akkas (Iraque), em abril de 2025. A emissão teve impacto diário equivalente a 740 carros em um ano. NASA/EMIT e Google Earth — IMEO/PNUMA Por isso, o observatório ampliou a análise para indústrias como aço, carvão e resíduos, que têm grande potencial de redução. O Programa do Metano no Aço revelou que o carvão metalúrgico usado na siderurgia emite cerca de 12 milhões de toneladas de metano por ano, o equivalente a quase 1 bilhão de toneladas de CO₂. Apesar disso, soluções de baixo custo como sistemas de ventilação e drenagem ainda são raramente aplicadas. O PNUMA também apoia estudos em aterros sanitários e na agricultura, que juntos representam 60% das emissões humanas de metano. Projetos estão em andamento na Nigéria, Colômbia e Espanha, com apoio da Agência Espacial Europeia e de universidades locais. Satélite registra vazamento de metano na bacia Mesopotâmia Foredeep (Iraque), observado em agosto de 2024. A emissão teve impacto diário equivalente a 1,2 mil carros em um ano. NASA/EMIT e Google Earth — IMEO/PNUMA Qual gás do efeito estufa é o maior vilão do clima? Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o CO₂ é responsável por cerca de 75% do aquecimento global registrado nas últimas décadas. Isso porque é o gás de efeito estufa mais presente na atmosfera e, portanto, o que mais contribui para reter calor no planeta. A concentração de CO₂ hoje está mais de 50% acima dos níveis anteriores à Revolução Industrial. a COP 30 e nosso futuro Em 2023, chegou a 420 partes por milhão (ppm) — marca que não era registrada há 800 mil anos. O problema é que uma única molécula de CO₂ pode permanecer na atmosfera por séculos, mantendo o calor preso e influenciando o clima por muito tempo. É esse “cobertor” que contribui para o derretimento de geleiras, a elevação do nível do mar e eventos extremos como secas mais severas e chuvas intensas. Outros gases, como o metano (CH₄) e o óxido nitroso (N₂O), também têm efeito estufa e são mais potentes na retenção de calor, mas estão presentes em quantidades muito menores. Por isso, para especialistas, reduzir as emissões de CO₂ é essencial para evitar o pior cenário da crise climática. E isso passa por mudar a forma de produzir energia, investir em tecnologias sustentáveis e combater o desmatamento, que libera grandes volumes de carbono armazenado nas florestas. Pexels LEIA TAMBÉM: 'Empresas como a Petrobras têm que deixar de ser apenas de exploração de petróleo', diz Marina Silva Comitiva da ONU inspeciona locais da COP 30 e aprova planos de segurança, mobilidade e saúde 'O que aprendi ao viver um ano sozinho com um gato em uma ilha remota' Entenda o que é a Foz do Amazonas e o que especialistas apontam estar em risco

FONTE: https://g1.globo.com/meio-ambiente/cop-30/noticia/2025/10/22/onu-aponta-que-90percent-dos-vazamentos-de-metano-detectados-por-satelite-continuam-sem-resposta-veja-imagens.ghtml


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