Megaoperação, arsenal de guerra, execução de ex-delegado: 7 pontos para entender a atuação do PCC no litoral de SP
22/10/2025
(Foto: Reprodução) Contador, megaoperação, morte de ex-delegado e arsenal de guerra: ações mostram presença do PCC no litoral de SP
Redes Sociais, Leandro Guedes/TV Tribuna , WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO, Matheus Croce/TV Tribuna
O Primeiro Comando da Capital (PCC) reforçou sua atuação na Baixada Santista, no litoral de São Paulo. A ação se tornou perceptível com as recentes operações policiais que resultaram na prisão de chefes e integrantes da facção criminosa. O g1 reuniu alguns dos principais acontecimentos na região, como a morte do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes, caso que repercutiu nacionalmente.
O PCC surgiu há mais de 30 anos em uma prisão e, há duas décadas, tinha cerca de 5 mil membros, atuando exclusivamente no estado de São Paulo, mas se espalhou pelo Brasil e pelo mundo. Atualmente, a organização criminosa tem cerca de 40 mil integrantes no país.
✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 Santos no WhatsApp.
Em entrevista ao Estúdio i, o professor da FGV-SP e pesquisador em Segurança Pública, Rafael Alcadipani, comentou sobre a atuação do PCC na região.
"A questão do litoral sul de São Paulo, nessa região, é muito séria. São áreas e mais áreas ocupadas e existe um interesse muito grande do PCC ali, porque o PCC, eu sempre disse que ele é uma empresa de logística que manda a cocaína para fora do Brasil. Então, comandar esse território é muito importante. É urgente que a gente faça uma desocupação criminal desse território", disse ele.
Entenda a atuação do PCC na Baixada Santista a partir dos seguintes pontos:
Megaoperação contra o PCC
Execução de ex-delegado
Combustíveis, motéis, franquias e jogos de azar
Sócios de postos de combustíveis
Prisões de chefes
Prisão do 'contador'
Operação em postos
Megaoperação contra o PCC
Em 28 de agosto, foi deflagrada a megaoperação nacional Carbono Oculto com o objetivo de desarticular um esquema bilionário de fraudes no setor de combustíveis, comandado por integrantes da facção criminosa.
Na Baixada Santista, os mandados foram cumpridos em imóveis em Santos e em Guarujá. Ao todo, a operação executou 350 ordens judiciais em nove estados: São Paulo, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina.
Megaoperação mira esquema bilionário do PCC
Execução de ex-delegado
O ex-delegado-geral de São Paulo e secretário de Administração de Praia Grande, Ruy Ferraz Fontes, foi assassinado a tiros em 15 de setembro. Ele atuou por mais de 40 anos na Polícia Civil e teve papel central no combate ao crime organizado, sendo pioneiro nas investigações sobre o PCC.
O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, já afirmou que considera a atuação do PCC no caso como "um fato".
O delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Artur Dian, disse na terça-feira (21) que a força-tarefa que investiga a morte do ex-delegado prendeu o oitavo suspeito de participar do crime. Outras duas pessoas estão foragidas e uma terceira morreu em confronto com a polícia.
Delegado Ruy Ferraz Fontes é executado a tiros no litoral de SP
Prefeitura de Praia Grande e Reprodução
Combustíveis, motéis, franquias e jogos de azar
Em 25 de setembro, o Ministério Público e a Receita Federal deflagraram a operação Spare, que teve como alvo o esquema do PCC para lavagem de dinheiro nos setores de combustíveis, motéis, franquias e jogos de azar. A ação foi um desdobramento da Operação Carbono Oculto.
Ao todo, foram cumpridos 25 mandados de busca e apreensão em São Paulo (19 mandados), Santo André (2 mandados), Barueri, Bertioga, Campos do Jordão e Osasco.
Esquema de lavagem de dinheiro do PCC
Arte/g1
Sócios de postos de combustíveis
Quinze alvos da Operação Carbono Oculto são sócios de, ao menos, 251 postos de combustíveis em quatro estados do país, segundo levantamento feito anteriormente pelo g1. Destes, 33 postos ficam em seis cidades da Baixada Santista.
Na região, há 12 postos em Santos, 9 em Praia Grande, 6 em Guarujá, 3 em São Vicente, 2 em Cubatão e 1 em Mongaguá. Nenhuma das bandeiras foi alvo da operação.
Alvos de megaoperação do PCC são sócios em ao menos 251 postos de combustíveis
Prisões de chefes
Em 10 de outubro, um dos chefes do PCC e a namorada foram presos com um arsenal de guerra avaliado em R$ 500 mil durante operação da Polícia Civil em Santos. O casal armazenava fuzis, pistolas, granadas e um lança-granadas em dois imóveis na Avenida Conselheiro Rodrigues Alves.
O material seria transferido ao conjunto habitacional do BNH, no bairro Aparecida, onde os suspeitos atuavam na logística. Segundo a investigação, Patrick Machado Nazário, de 46 anos, e Josivania Costa Nascimento, de 44, mantinham o arsenal há seis meses e integravam uma célula restrita do PCC.
Três dias depois, um homem de 49 anos, cujo nome não foi divulgado, mas conhecido como 'Leão Banguelo', foi preso em uma chácara na zona rural de Peruíbe. Segundo a Polícia Civil, ele é apontado como um dos chefes do PCC na Baixada Santista.
As investigações apontam que ‘Leão Banguelo’ chefiava ações criminosas na Baixada Santista, com autoridade para ordenar execuções e aplicar punições internas conhecidas como ‘justiçamentos’, que são atos violentos contra integrantes que descumpriam regras da facção.
Em 16 de outubro, uma mulher apontada como tesoureira do PCC foi presa em Santos. Conforme apurado pelo g1 junto à corporação, Tatiana São José Madureira seria responsável pelo comando e controle financeiro da organização criminosa.
Prisão do 'contador'
Empresário Rodrigo Morgado é preso pela Polícia Federal em Santos
O empresário Rodrigo Morgado, apontado pelas autoridades como contador em um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao tráfico internacional de drogas, foi preso pela Polícia Federal, em 14 de outubro, no bairro Ponta da Praia, em Santos.
A corporação encontrou repasses de R$ 19 milhões do contador para a empresa do influenciador Bruno Alexssander Souza Silva, conhecido como Buzeira, que também foi detido na mesma operação da PF.
Operação em postos
Cinco postos de combustíveis da Baixada Santista e um em Araraquara, no interior paulista, foram alvos da Operação Octanagem, deflagrada pela Polícia Civil na terça-feira (21), para cumprir mandados de busca e apreensão em estabelecimentos relacionados ao empresário Mohamad Hussein Mourad. Ele é suspeito de comandar a lavagem de dinheiro do PCC.
Bombas e bicos foram lacrados na Baixada Santista. A ação foi conduzida pela Polícia Civil, com apoio da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), do Instituto de Pesos e Medidas (Ipem) e da Secretaria da Fazenda.
Bomba foi lacrada em posto de combustível em Praia Grande (SP)
Leandro Guedes/TV Tribuna
VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos