EUA e Trinidad e Tobago anunciam exercícios militares perto da Venezuela
24/10/2025
(Foto: Reprodução) Venezuela mobiliza militares contra possível invasão dos Estados Unidos
Em meio a tensões crescentes com a Venezuela, os Estados Unidos anunciaram que farão exercícios militares conjuntos com Trinidad e Tobago, país bem próximo da costa venezuelana.
As manobras ocorrem em meio a operações militares que navios e caças dos EUA fazem na região e foram anunciadas horas depois de o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ter feito um apelo contra uma guerra (leia mais abaixo).
Em um comunicado, o Ministério das Relações Exteriores de Trinidad e Tobado afirmou que o destróier da Marinha dos Estados Unidos USS Gravely (DDG-107) "realizará treinamentos conjuntos com a Força de Defesa de Trinidad e Tobago (TTDF)".
O navio partirá para a região no dia 30 de outubro, afirmou ainda o ministério.
"A presença das forças militares americanas em Trinidad e Tobago coloca em evidência o compromisso dos Estados Unidos com a segurança regional e a cooperação no Caribe", acrescenta o comunicado.
A Venezuela acusou o governo trinitino de servir aos interesses de Washington. A primeira-ministra do país, Kamla Persad Bissessar, já expressou apoio a Trump e às operações no Caribe.
Em operações no mar do Caribe, bombardeios americanos supostamente mataram dois cidadãos de Trinidad e Tobago, mas as autoridades do país ainda não confirmaram a informação. Também não desmentiram as denúncias das famílias.
Especialistas questionam a legalidade dos ataques contra suspeitos que não foram interceptados, nem interrogados. Venezuela e Colômbia, país que também está em confronto com Washington por esta questão, classificaram os ataques como "execuções extrajudiciais".
Trump acusa Maduro de liderar uma suposta quadrilha de narcotráfico, o que o venezuelano nega.
'No crazy war, please'
Após Trump autorizar operações da CIA na Venezuela, Maduro diz, em inglês, que não quer guerra com os EUA
Jornal Nacional/ Reprodução
O anúncio acontece em meio a um destacamento de forças militares dos Estados Unidos desde agosto em frente ao litoral da Venezuela, com destróieres, um submarino e embarcações com forças especiais em águas internacionais do Caribe, com o suposto propósito de combater o tráfico de drogas.
"No crazy war, please. Não à guerra louca. No crazy war. A Venezuela quer paz", disse Maduro na quinta-feira.
A mobilização militar americana matou 37 pessoas em nove bombardeios contra supostas embarcações com drogas em águas internacionais do Caribe e do Pacífico até o momento.
Dados do site de rastreamento de tráfego aéreo Flightradar24 mostraram na quinta-feira um bombardeiro B-1B se aproximando da costa venezuelana, antes de virar para o norte.
Em declarações à imprensa, Trump negou o envio das aeronaves à Venezuela, mas não escondeu o descontentamento com as autoridades do país, que acusa de vínculos com o narcotráfico.
"Eles esvaziaram suas prisões em nosso país", afirmou. "Não vamos necessariamente pedir uma declaração de guerra ao Congresso", que tem a competência constitucional para a atribuição. "Simplesmente vamos matar pessoas que vêm ao nosso país".
A CIA 'fracassará'
O presidente americano autorizou na semana passada operações secretas da CIA na Venezuela.
"Podem enviar quantos agentes da CIA quiserem em operações secretas por qualquer lado da nação. Qualquer tentativa fracassará", disse o ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino.
'Não à guerra'
Diante da mobilização militar americana, Maduro abriu o registro na reserva militar e ordenou exercícios militares quase diariamente.
Na madrugada de quinta-feira, o Exército organizou um exercício em 73 pontos das costas venezuelanas. Um dia antes, Maduro anunciou que o país dispõe de 5.000 mísseis antiaéreos portáteis de fabricação russa Igla-S.
"Graças ao presidente Putin, graças à Rússia, graças à China e graças a muitos amigos no mundo, a Venezuela tem um equipamento para garantir a paz", disse na quinta-feira durante um ato com sindicalistas alinhados ao governo.
E foi durante este evento que ele fez seu pedido de paz em um "inglês tarzaneado", que se refere a uma linguagem na qual se omitem artigos, preposições e conjugações complexas, uma forma de mencionar seu domínio limitado do idioma.
"Peace, yes peace, forever, peace forever. No crazy war. Não à guerra louca. No crazy war", afirmou o venezuelano.